"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lá de cima...


Existem alguns momentos na vida em que nos deixamos emaranhar por um combinado de coisas pequenas, rasteiras, sem expressividade alguma ou relevância para uma mínima sensação de crescimento ou grandeza que possamos sentir enquanto seres humanos. Contrárias a qualquer uma dessas idéias, essas "pequenezas" nos pegam em momentos de vulnerabilidade e nos amarram em um determinado ponto, nos imobilizando e nos impedindo de fluir com a nossa própria vida. E ficamos ali, estacionados, nos consumindo e nos gastando com essas futilidades tão mesquinhas que chegamos a prejudicar a nossa visão do que é realmente significativo e grande para nós mesmos. E quando caímos nessa "rede de pequenezas mesquinhas", restringimos enormemente a amplitude do que é ou do que pode ser a nossa vida. Essas "ervas daninhas mentais" parasitam as nossas emoções, pensamentos, sentimentos... Parasitam as nossas horas... os nossos dias... o nosso transcorrer com o mundo. É como se, nesses momentos prejudicados de vida, estivéssemos com a visão presa no nosso próprio umbigo e nos sentimentos de qualidade inferior que nos arrebataram nessa tão imprevista fase ruim. Se não ficarmos atentos a esse estado de coisas, corremos o risco de não voltarmos a "levantar a vista" para a imensidão do mundo à nossa volta. Corremos o sério risco de mantermos a nossa visão para sempre atrofiada como uma horrível sequela das "mesquinharias pequenas" que nos invadiram e tomaram conta de nós por algum momento de vulnerabilidade emocional. Nos tornamos, então,doentes emocionalmente, como se estivéssemos presos entre "quatro paredes de nós mesmos", com os nossos "pseudo-sub-problemas" que nos aprisionam É preciso que, no meio desse "cativeiro emocional", nos lembremos de tentar recuperar a ampla visão que construímos da vida e que existe ainda, em algum lugar guardado em nós. É preciso voltar a enxergar o mundo do alto, como quando observamos a vista do topo de uma montanha. De lá de cima enxergamos uma infinitamente maior porção do mundo... da vida... De lá de cima enxergamos as inúmeras construções e casas que compõem a nossa realidade e não apenas a nossa casa... e não apenas as nossas "quatro paredes" na qual nos colocamos de forma vulnerável e sofrendo por coisas insignificantes. Que subamos no topo da montanha... que possamos ter uma visão infinitamente ampla... que possamos enxergar, pensar, sentir e ser grandes... imensos. E que as "pequenezas mesquinhas e rasteiras" que rondam por aí tenham cada vez menos acesso a nós... Quando elas aparecerem inadvertidamente... estaremos longe... estaremos lá em cima... no topo.

Tibet