"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

sábado, 5 de dezembro de 2009

O amor...


O amor é puro na sua origem... Mas... nós, seres humanos, não somos depurados o suficiente pra sabermos lidar com ele. Tocamos o amor, com as nossas “mãos lambuzadas” de impurezas, e passamos a manipulá-lo com uma imperícia gritante, deixando-o cada vez mais contaminado, impuro... e pesado. E o amor passa a significar expectativas, anseios às vezes frustrados... incertezas e vazios que, injustamente, passamos a depositar naquele outro que, um dia, nos despontou como um sol radiante. Com o passar do tempo, esse outro... tão precioso... nos apresenta, por nossa exclusiva providência , como uma carga de responsabilidades e compromissos não satisfeitos. Fôssemos mais capazes... mais “iluminados” como alguns costumam denominar, ou, simplesmente, mais responsáveis por nossa própria existência e por essa sensação que buscamos eternamente e que costumamos chamar de felicidade... e não teríamos esse costume imbecil de amontoar de coisas ruins os sóis radiantes que cruzam o nosso caminho. Mas...mesmo sentindo essas sensações tão doloridas e imensas que a nossa incapacidade humana de lidar com o amor puro nos obriga vivenciar... é infinitamente bom saber que eu ainda enxergo o sol. Acredito nele, enxergo a sua luz e posso sentir o seu calor. E vou poder sempre...

Tibet

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Clarice fala por mim...


Estou vivendo uns dias de silêncio interior...
Não tenho sentido inspiração pra escrever...
E... muita coisa vem acontecendo aqui dentro...
Estava passeando pelo site de Clarice quando li algo onde ela "fala por mim":

“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? Assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco."

Tibet

domingo, 22 de novembro de 2009

A nudez de Simone...



Um fotógrafo chamado Art Shay, levou Beauvoir à casa de um amigo que tinha uma banheira. Ele escreve: "Ela havia tomado o seu banho. Depois, enquanto ela se arrumava na pia, tive um súbito impulso. Ela sabia que eu a havia fotografado, porque ouviu o clique da minha confiável Leica Model F. 'Homem travesso', disse ela"

História e foto extraídas do site http://www.simonebeauvoir.kit.net/apresenta.htm

domingo, 15 de novembro de 2009

Aspiração de leitura...


Eu quero, preciso, estou enlouquecida pra ler esse livro!

"Tête-à-Tête - Simone de Beauvoir and Jean-Paul Sartre | Hazel Rowley | 2005 | Objetiva
Simone de Beauvoir e Sartre, o lendário casal de escritores-filósofos, mantinham uma relação sabidamente aberta, o que sempre gerou inúmeras controvérsias. Através de entrevistas originais e acesso a material inédito, a biógrafa Hazel Rowley oferece um atual retrato do intenso e turbulento relacionamento dessas duas grandes personalidades.
"

Vou providenciar (comprar, pegar emprestado, "guentar" de alguém...) me deliciar com a leitura... e volto aqui pra contar OK?
Por enquanto estou lendo "Quando o espiritual domina" de Simone de Beauvoir. Depois conto também.

Tibet

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Feliz Natal"


Primeiro longa dirigido por Selton Mello.
Conta a história de Caio (Leonardo Medeiros), um carinha que é dono de um ferro-velho e que decide, depois de alguns anos, ir ao jantar de Natal de sua família na casa do irmão (o "bem sucedido"). A cada encontro são desencadeados sentimentos, sensações e lembranças que o remetem a fatos passados que o marcaram e o fizeram ser que é. Na verdade... é uma história que pode ser de muitas famílias... É um encontro de Natal que representa com muita fidelidade os muitos encontros de Natal que acontecem nessa fatídica noite (rs) de 24->25/12 por aí afora...
Vale muito a pena conferir...

Tibet

sábado, 24 de outubro de 2009

A insustentável leveza do ser...


... de Milan Kundera...
A história se passa nos anos 60 em Praga, Tchecoslováquia. Tomas, personagem principal da narrativa, é um médico que se dedica a cultivar inúmeras parceiras sexuais, sempre alerta, entretanto pra que não se tornem vínculos afetivos. A despeito desse seu propósito, duas delas, Sabina, uma artista plástica, e Tereza, uma garçonete-fotógrafa, passam a estar mais presentes na vida dele do que ele próprio havia planejado. A primeira, uma sensual personificação da liberdade e a segunda, se colocando ao seu lado como uma âncora a lhe lembrar sempre vínculo e compromisso.
Para Tomas, a leveza é o fruto principal e mais valioso de uma vida livre e descompromissada. A partir do relacionamento estabelecido com Teresa, Tomas experimenta o peso opressivo do comprometimento. Por outro lado, acaba por descobrir que a leveza despe completamente a sua vida de sentido tornando-a insustentável. E que a peso do comprometimento acaba se tornando um ponto que fixa sua vida a algum sentido.
Essa relação triangular é duramente afetada na ocasião da “Primavera de Praga” quando tanques soviéticos invadiram a capital tcheca para pôr fim a uma série de protestos. E suas vidas mudaram de forma uma definitiva...

Vale muito a pena ler! Eu adorei e me identifiquei imensamente com as questões existenciais levantadas. Leiam também!

Tibet

domingo, 13 de setembro de 2009

O fio da navalha...



... de W. Somerset Maugham. Estou lendo agora. Leitura muito envolente. Conta a história de Larry Darrel, um jovem norte-americano que foi piloto na Primeira Guerra. Depois de ver seu melhor amigo morrer nos campos de batalha ele retorna aos Estados Unidos completamente transformado e, em pouco tempo, decide deixar a vida burguesa de Chicago e "cair no mundo". Ele passa uma longa temporada de aprendizado existencial em Paris, onde perambula pelos cafés e cabarés "filosofando" com bêbados, artistas e prostitutas... Dá uma certa inveja dele... rsrsrs... Leiam. Vale muito a pena...




Tibet

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A casa...


Existe uma casa. Antiga. Daquelas casas como as que a gente vê pela estrada... uma porta no meio e duas ou três janelas quadradinhas de cada lado. Essa é grande. Sei que é antiga. E fechada. Toda fechada. Portas e janelas. Sempre tenho a impressão que está assim... fechada... há muito tempo. Ela está em um espaço totalmente silencioso e deserto. Não existe ninguém em lugar nenhum. O silêncio é quase insuportável. As árvores ao redor não são balançadas pelo vento. Acho que não existe vento. Parece uma fotografia. Tudo estático. Ela não fica ao nível do chão. Está em cima de um patamar de pedra, eu acho. É preciso subir uns degraus de pedra pra alcançar a porta.
Quando eu chego até a porta, tenho nas mãos um enorme aro de metal com muitas chaves... daquelas chaves antigas que eram usadas para abrir casas também antigas... Muitas chaves! Inúmeras! Segurar o aro exige até um certo esforço devido ao peso causado pelas chaves. É muito inquietante chegar ali, em frente àquela porta com todas aquelas chaves. E eu preciso abrir. Eu sei que cheguei até ali por estar fungindo de algo ou alguém que me persegue incansavelmente. Nunca o vi. Não imagino o que ou quem seja. Mas sei que sou perseguida. E sei que não quero ser alcançada. Preciso me proteger dessa perseguição. Isso é claro pra mim. Vou ter que entrar na casa. Isso também não me é confortável, mas... sei que prefiro. É tudo muito tenso... Todas aquelas chaves... tenho que testar cada uma delas até conseguir abrir a casa. E vou tentando de uma forma muito rápida e nervosa. Se eu não conseguir abrir logo vou ser alcançada. Ao mesmo tempo... a cada chave que testo... sou acometida por uma enorme tensão ao pensar que a casa pode, a qualquer momento, ser aberta. Mas é o que escolho. Prefiro entrar. Não sei o que tem lá dentro. É uma casa muito antiga... fechada há muito tempo... não sei quem viveu lá um dia... que vidas aconteceram lá...se vou encontrar fantasmas dessas vidas que habitaram lá... É muito aterrorizante! Mas... estando lá... sempre tenho a plena convicção de que é melhor conseguir a chave e abrir a casa do que me deixar ser alcançada pelo que me persegue.
Sempre acordo antes de conseguir abrir e antes de ser alcançada...
E sonho novamente um dia... e depois esqueço... E depois de alguns anos sonho de novo... A mesma perseguição... a mesma casa...
Tibet

domingo, 2 de agosto de 2009

"Sequestro da Subjetividade"

"Pequenas permissões podem ser o início de grandes invasões. Grandes tragédias começam com pequenos descuidos. Desastres terríveis podem ter seu início em displicências miúdas. O "agressor" não repreendido cresce e se fortifica porque a "vítima" o nutre. O inimigo só sobrevive à medida em que se injeta sangue em suas veias."
Esse é um trecho de um texto do Padre Fábio de Melo sobre algo que ele chama de "Sequestro da Subjetividade". Achei muito interessante isso que ele disse e resolvi colocar aqui com dois objetivos.
Primeiro objetivo: Filosofar sobre a subjetividade a que temos direito. Muitas vezes ficamos desatentos em nossas relações com o mundo e acabamos por "desleixar" da nossa subjetividade e das coisas que nos são importantes e fazem sermos quem somos. Se esse descuido acontece e subjetividades alheias se agregam a nós no intuito de nos violentar de uma forma velada e não nos impulsionar ao crescimento, acredito que nós mesmos, mais do que ninguém, devemos ser responsabilizados por tal descuido. Então... observai e vigiai... rsrsrs... e se vc achar que orar resolve também essa questão... então... orai ... rsrsrs...
Segundo objetivo: Mais uma vez levantar uma bandeirinha pelo respeito à diversidade filosófico/religiosa. Eu escrevi algo (lá embaixo) sobre a minha opinião de que se deve respeitar qualquer linha de raciocínio/filosofia de vida no que tange ao campo da espiritualidade, inclusive opiniões que vão de encontro às próprias religiões como ateus e agnósticos. Com as devidas precauções contra aqueles "catequizadores violentos" de plantão, devemos respeitar e não estereotipar/excluir opiniões de pessoas que não compartilham da nossa crença/descrença para não se correr o risco de nos tornarmos fundamentalistas isolados em bolhas ideológicas. Fosse eu (agnóstica de plantão) pensar assim e não teria lido esse texto/trecho do padre. Li o texto... e gostei disso aí que ele falou... Achei interessante...
E é isso!
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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Atualização...

Aconteceu um probleminha com o blog e eu tive que criar este novo e transportei tudinho pra cá OK? Por esse motivo as postagens estão aparecendo todas com data de 30/07/09. Valeu...
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Veneno...

Quando se manipula um veneno... corre-se o risco de carregar consigo... pra sempre... efeitos colaterais intensos daquele veneno. E... por mais que o tempo passe... toda vez que se sentir tais efeitos... será inevitável a lembrança do fato de o ter manipulado um dia. Isso parece-me trágico, doloroso... e irreversível...
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Cinema Nacional


Nessa minha temporada de filmes com Selton Mello (até parece que vou com ele ao cinema! rs.) tenho assistido a muita coisa boa. Hoje, assisti a um que achei extraordinário e que, além de Selton Mello, tem um elenco maravilhoso (José Wilker, Paulo Betti, Marieta Severo, Cláudia Abreu, entre outros) e gostaria de indicar: "Guerra de Canudos" de Bruno Barreto. Uma super-produção. Vale a pena assitir e recapitular um pouco esse pedaço da História do Brasil. Por falar em Bruno Barreto, assistam também "O que é isso companheiro". Também é um enfoque de um pedaço muito interessante da nossa história (Ditadura Militar: O sequestro do embaixador dos Estados Unidos). Concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1997. Saquem só o elenco: Fernanda Torres, Matheus Natchergaele, Pedro Cardoso, Cláudia Abreu, Luiz Fernando Guimarães, Selton Mello. Prestigiem o Cinema Nacional! Vale a pena! Temais...
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"O Ser e o Nada"

Eu sou uma pessoa cíclica. Muito cíclica. Definidamente cíclica. Ciclos opostos que, ao mesmo tempo, se completam e nos quais costumo me testar e conhecer. Transito sempre entre dois extremos no que diz respeito a sentimentos... pensamentos... e a natureza e intensidade dos mesmos. Geralmente vivo uma fase, de alguns dias ou semanas, em que quase não me suporto dentro de mim pela intensidade e complexidade das coisas que sinto... dos pensamentos que monopolizam a minha cabeça... de SER eu de uma forma tão profunda e consistente... Em seguida... como uma ressaca extrema e fatigante, sou imersa em uma fase de praticamente... NADA! Acho que, essa fase do SER... assim dessa forma tão exacerbada, me extenua a tal ponto que em determinado momento... aciono o "piloto automático" e vou de encontro ao NADA por um bom tempo... Então... acordo... dirijo... leio out-doors pela rua... caminho pelas calçadas... compro coisas... produzo alguns sorrisos sem vontade... sinto preguiça de falar coisas importantes... de "comprar" posições em discussões que, em outros dias, me seriam bastante instigantes... sinto vontade de me tornar uma nuvem... e apenas ficar lá em cima... flutuando no azul... Gosto dos meus dois estados de alma. Guerra e paz. Mar revolto e lago sereno. Os dois me definem. Acho que a minha busca é o equilíbrio. Gosto da minha busca. Alimenta a minha alma.
Então... é isso... estou por aí... flutuando um pouco agora...
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De caso com Simone...


Depois de ter concluído a leitura de "Uma morte muito suave", que , por sinal, é muito interessante, comecei a ler "Os Mandarins", também de Simone de Beauvoir. Estou envolvidíssima! A temática é a posição de intelectuais (filósofos existencialistas) de esquerda na França no período do pós-guerra. O que torna a obra interessante é o fato de que os personagens da narrativa representariam a própria Simone, Sartre e Albert Camus. Toda a história se desenrola tendo como alvo o rompimento entre esses dois últimos causado pela discordância surgida entre ambos com relação às suas convicções políticas e filosóficas. O livro é recheado de diálogos/duelos filosóficos interessantíssimos. Tenho consumido todo o meu tempo livre (que infelizmente é bem menos do que eu gostaria) "me deliciando com Simone"... Sartre que me desculpe mas... ela é irresistível...
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Filosofia de vida

Eu acho engraçado! E ao mesmo tempo fico indignada! Existe todo aquele papo ecumênico... de se respeitar a diversidade de religiões... de estimular a boa convivência entre as religiões... que religião não se discute porque cada um tem a sua e etc e tal... Acontece que fica parecendo que não se precisa estar atento ao respeito que, também, deveria ser devido à filosofia de vida de ateus, agnósticos e afins! Basta ser iniciada uma troca de idéias (que logo se transforma em ferrenha discussão) e lá estão eles (religiosos de várias espécies), munidos de inúmeros argumentos, muitas vezes já prontos, e infinitas citações pra nos convencer de que a "verdade" está comprovada, catalogada e que é, acima de tudo, incontestável. É incrível e irritante como somos estereotipados como seres sem sensibilidade ou espiritualidade. Como se fosse inversamente proporcional o fato de podermos ser solidários, humanos e assertivos e, ao mesmo tempo, não termos um "caminho" pré-desenhado (por outros diga-se de passagem) que nos leve a uma fórmula que seja a resposta a TODAS as coisas. Essa semana eu caí em uma estrondosa discussão dessa! E nessas ocasiões é impossível não me exaltar como é comum a uma discussão que envolve pontos de vista extremos ainda mais em assuntos dessa área. Tive que ouvir que eu penso assim porque AINDA não percebi a verdade! Só se for essa "verdade" pronta, definitiva, incontestável e acabada de certas religiões! Tenho comichão de verdades definitivas! Tenho desconfiança de quem aceita respostas prontas e as usam como bandaids pra aliviar as crueldade das feridas existenciais que nos atormentam enquanto seres humanos. Não vamos nunca conseguir responder a essas questões! Pra elas não existem respostas prontas enquanto estivermos aqui! Concordo até que essas respostas produzem até muito conforto pra muita gente. Trazem alívio em situações emocionais extremas pra quem nelas acredita mas... não nos critique por duvidar, por questionar, por cogitar possibilidades contrárias a todos esses dogmas que já estavam aqui quando nascemos. Não nos critique por "filosofar" sobre o que está por trás de todas essas "verdades religiosas" que nos foram incutidas desde quando nos entendemos por gente. Se essas "verdades" são tão incontestáveis assim, qual o problema de tentarmos destrinchá-las, esmiuçá-las e questioná-las! Se existe uma verdade absoluta ela irá se sobrepor a qualquer questionamento! A minha interlocutora de hoje falou: " Esse povo metido a ler muita filosofia... psicologia... história... essas coisas assim, acabam ficando sem religião e questionando a existência de Deus. É por isso que eu não me interesso por esse tipo de leitura..." . Não entendi nada! Ela estava, então, concordando comigo???!!! Ela teme "ler a vida" sob outro ponto de vista pois, assim, estará correndo o risco de questionar e, até mesmo, desconstruir a sua "verdade inquestionável"?! Mas... deixa pra lá... Cada um com as suas convicções... ou a falta delas... o que, em determinados assuntos, pode ser o caminho mais sensato. Que fique bem claro que esse é o MEU ponto de vista. Não quero "catequizar" ninguém. Mas também não me deixo ser catequizada! E não sou uma criatura ruim, fria e sem sentimentos por causa disso. O ser humano... suas dores e angústias... são o meu foco principal nesse meu "filosofar sobre a vida". Só que esse "filosofar" não tem fim nem desfechos. Não consigo encerrar essas questões com "bandaids místicos".
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Cinema...


Uma indicação de cinema hoje. Não podia ser diferente pois, no Dia dos Namorados eu ganhei, nada mais nada menos que, todos os filmes de Selton Mello em DVD. Eu disse T-O-D-O-S! Amei o presente! E já que indicar "Lavoura Arcaica" chega a ser redundante (o filme já se auto-indica! É interessantíssimo! Obra-prima dele como ator!), vou indicar hoje o "Cheiro do Ralo". Assistam! É sobre um cara que vive de comprar objetos antigos. Ele é uma criatura extremamente sádica, debochada e cruel que acredita, acima de tudo, no poder do dinheiro e é a partir dessa filosofia que lida com os seus clientes. Eu curti! Espero que gostem. Ah! E prestigiem o cinema nacional! E Selton Mello!
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Crônica de um "Dia dos Namorados"... rs...

"Dia dos Namorados". E aquela que costuma ser a melhor noite da semana se transforma em um inferno! Milhares de "casais mofadinhos", que passaram o ano todo nas "doces" rotinas de suas casas, resolvem sair das tocas pra cumprir o tradicional ritual que caracteriza esse dia e, assim, lembrarem que são um casal. E então... como sempre fazemos às sextas (melhor noite da semana) saímos... desprevenidos... e... nos deparamos com aquele tumulto que causa uma devastação em qualquer bom- humor! Primeiro: Onde parar o carro. As ruas estão abarrotadas deles... milhares! Onde estavam durante todo esse tempo?! De onde saíram?! Mas... isso é só o começo. Doce ilusão termos parado. Todos os bares, restaurantes, barzinhos ou seja lá o que for estão lotados! Cada mesa com um doce "casal mofadinho" cumprindo mais essa etapa do ritual: sair pra jantar à noite. A primeira etapa foi mandar/receber flores... de preferência no trabalho dela. Outro dia ouvi um cara dizendo:"Se você quer mandar flores... mande pro trabalho dela... Mulher adora poder mostrar pra as outras que ganhou flores nesse dia! " Pois é... depois das flores... lá se vão eles... jantar à noite e infernizar essa tão esperada noite de sexta! Não tivessem que cumprir o tal ritual e ele estaria curtindo sua cerveja gelada pós-baba enquanto ela se deleitava assistindo a novela das 8. Mas... acho que não seria "auspicioso" para o casal deixar passar esse dia em branco. Que fique bem claro aqui que não quero, estabelecer uma crítica ou julgamento de valor a nenhum tipo de relacionamento ou algo parecido, mas... aqui pra nós...onde estava esse povo que só hoje apareceu e criou essa bagunça na noite alheia! E tem mais... como diz certo ditado: "Se alguém se ofendeu é porque pegou a carapuça!" E tenho dito. Mas... vai que de repente... sei lá... pode até ser válido pra eles de alguma forma... Vai ver... esse pode ser um dia em que alguns deles aproveitam pra dar um F5 e atualizar a página do relacionamento.
Quanto a nós... depois de tanto sofrimento, chegamos à conclusão ser inútil tentar um lugar sob a lua naquele pedaço da cidade. Já estava completamente dominado por eles! Fomos nos afastando dali até que, finalmente, encontramos um lugar em que ainda cabia gente e carro! Aliviados, escolhemos uma mesa e sentamos, comemorando a cerveja gelada que estaríamos degustando em alguns minutos. E eles foram se passando... 10... 15... 30 minutos! "Estamos invisíveis! Só pode ser!" Não me contive e fui perguntar ao dono do lugar se era isso mesmo, se estávamos invisíveis ou o que! Acho que ele se compadeceu da gente e mandou uma cerveja gelada! Filha única! O tira-gosto que pedimos... sem chance! Uma amiga que estava na mesa descobriu o enigma: "Aqui a gente faz um pedido no fuso horário do Brasil e eles entregam no fuso horário do Japão". Chegamos à conclusão de que era isso mesmo, então, desistimos, roxinhos de fome... e fomos nos deliciar com um dos nossos programas preferidos: Comer pastel em trailler! Somos craques nisso! Acho que os casais lá do comecinho do texto morreriam se tivessem que fazer isso na noite de hoje! Mas... foi tudo uma delícia! Colocaram jarrinhos de flor na mesa e um carinha tocando violão... E chega mais um casal amigo! Depois de alguns pastéis com coca-cola... nos demos conta: Já passou da meia-noite! Não é mais "Dia dos Namorados"! E pudemos relaxar. Finalmente... a noite teve o seu apogeu em um lugar descontraído, com muitas pessoas sem cheiro de mofo (pessoas que costumam honrar TODAS as noites de sexta!), uma garçonete que nos perguntava de tempos em tempos: "Querem alguma coisa?" (um luxo isso!) e música... muita música boa... "Fiquei louco de amor... vem me namorar girl!". Ah! E Feliz Dia dos Namorados! Blah...
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Leitura...


Hoje eu queria fazer uma indicação de leitura. Ela é a minha preferida, seguida de Clarice Lispector que também adoro. Falo de Simone de Beauvoir. Uma excelente companhia! Rs... Pra quem nunca teve a oportunidade de conhecer algum dos seus escritos, indico "Memórias de uma moça bem-comportada". É uma autobiografia e uma leitura super envolvente na qual pode-se ter uma boa idéia dessa personalidade tão extraordinária. Estou começando a ler agora "Uma morte muito suave" que me parece bem interessante.

Aí vai um site que costumo visitar e é ótimo pra quem quiser conhecê-la mais um pouquinho:
http://www.simonebeauvoir.kit.net/apresenta.htm

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"Perfil"

"Quem sou eu"... À primeira vista essa é uma das principais questões com que lido nas minhas tão constantes viagens introspectivas... Diria que é um dos meus mais indecifráveis enigmas. Acho que, caminhando lado a lado com a angustiante sensação de ter que "digerir" a idéia da minha própria morte, saber, realmente, quem sou é a principal questão da minha existência. Estou condenada a lidar, dia após dia, com as minhas eternas inconstâncias, meus julgamentos tão cruéis acerca de mim mesma, minhas percepções do quão ruim, ou extraordinária é a minha "alma", ou "espírito" ou seja lá o que for que habita aqui e faz com que eu seja eu. E não consigo, por um dia sequer, ter uma visão nítida dessa criatura que tenho analisado durante anos a fio... E por aí vou... me construindo e me destruindo... e me construindo de novo... E para cada um que se conecta comigo sou uma. Cada outra criatura que atravessa o meu caminho elabora para si a pessoa que sou (para ela)... Quem dera pudesse me delinear de uma forma concreta e definida... que pudesse me visualisar e dizer: Sou eu. Sou assim. Sou isso. Quem dera eu pudesse construir, de forma concreta, o ideal que tenho de mim mesma... Então eu me deleito... construindo a minha linda, intelectualizada e tão inteligente "personalidade virtual"! Lá eu encontro tudo pronto e acabado. Basta um clique e um traço da "pessoa tão interessante" que sou estará lá... registrado pra quem quiser me admirar. Tudo ao alcance da mão, perfeito para se construir uma personalidade impecável... propícia a encontrar milhares de outras "personalidades impecáveis", inteligentes e divertidas que se tornarão meus "para sempre amigos"... e que serão colecionados em uma enorme constelação de inúmeros outros "amigos" também incrivelmente interessantes. Todos guardadinhos como em um enorme "álbum de figurinhas". Quanto maior o meu "álbum de figurinhas" mais extraordinária e sociável provo que sou em meio àquele universo constituído de enormes e variadas "constelações"... E assim vou me relacionando ... afirmando e renovando a minha "personalidade"... Posso até me dar ao luxo de ter mais uma outra "personalidade" se eu quiser... ou três... ou quatro... Cada uma delas "seduzindo" tipos específicos de "figurinhas" que vou arrumando e colecionando como eu bem entender. E... se por acaso alguma "figurinha" se tornar desinteressante ou indesejável... não tem problema... é só descartá-la e pronto! Tá eliminada do meu "álbum" e da minha "vida". Simples.
Pena que eu não pude prever que um dia seria assim... tão fácil... Teria me economizado vários momentos de angústia e "filosofias"...
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