"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Filosofia de vida

Eu acho engraçado! E ao mesmo tempo fico indignada! Existe todo aquele papo ecumênico... de se respeitar a diversidade de religiões... de estimular a boa convivência entre as religiões... que religião não se discute porque cada um tem a sua e etc e tal... Acontece que fica parecendo que não se precisa estar atento ao respeito que, também, deveria ser devido à filosofia de vida de ateus, agnósticos e afins! Basta ser iniciada uma troca de idéias (que logo se transforma em ferrenha discussão) e lá estão eles (religiosos de várias espécies), munidos de inúmeros argumentos, muitas vezes já prontos, e infinitas citações pra nos convencer de que a "verdade" está comprovada, catalogada e que é, acima de tudo, incontestável. É incrível e irritante como somos estereotipados como seres sem sensibilidade ou espiritualidade. Como se fosse inversamente proporcional o fato de podermos ser solidários, humanos e assertivos e, ao mesmo tempo, não termos um "caminho" pré-desenhado (por outros diga-se de passagem) que nos leve a uma fórmula que seja a resposta a TODAS as coisas. Essa semana eu caí em uma estrondosa discussão dessa! E nessas ocasiões é impossível não me exaltar como é comum a uma discussão que envolve pontos de vista extremos ainda mais em assuntos dessa área. Tive que ouvir que eu penso assim porque AINDA não percebi a verdade! Só se for essa "verdade" pronta, definitiva, incontestável e acabada de certas religiões! Tenho comichão de verdades definitivas! Tenho desconfiança de quem aceita respostas prontas e as usam como bandaids pra aliviar as crueldade das feridas existenciais que nos atormentam enquanto seres humanos. Não vamos nunca conseguir responder a essas questões! Pra elas não existem respostas prontas enquanto estivermos aqui! Concordo até que essas respostas produzem até muito conforto pra muita gente. Trazem alívio em situações emocionais extremas pra quem nelas acredita mas... não nos critique por duvidar, por questionar, por cogitar possibilidades contrárias a todos esses dogmas que já estavam aqui quando nascemos. Não nos critique por "filosofar" sobre o que está por trás de todas essas "verdades religiosas" que nos foram incutidas desde quando nos entendemos por gente. Se essas "verdades" são tão incontestáveis assim, qual o problema de tentarmos destrinchá-las, esmiuçá-las e questioná-las! Se existe uma verdade absoluta ela irá se sobrepor a qualquer questionamento! A minha interlocutora de hoje falou: " Esse povo metido a ler muita filosofia... psicologia... história... essas coisas assim, acabam ficando sem religião e questionando a existência de Deus. É por isso que eu não me interesso por esse tipo de leitura..." . Não entendi nada! Ela estava, então, concordando comigo???!!! Ela teme "ler a vida" sob outro ponto de vista pois, assim, estará correndo o risco de questionar e, até mesmo, desconstruir a sua "verdade inquestionável"?! Mas... deixa pra lá... Cada um com as suas convicções... ou a falta delas... o que, em determinados assuntos, pode ser o caminho mais sensato. Que fique bem claro que esse é o MEU ponto de vista. Não quero "catequizar" ninguém. Mas também não me deixo ser catequizada! E não sou uma criatura ruim, fria e sem sentimentos por causa disso. O ser humano... suas dores e angústias... são o meu foco principal nesse meu "filosofar sobre a vida". Só que esse "filosofar" não tem fim nem desfechos. Não consigo encerrar essas questões com "bandaids místicos".
Tibet

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