"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Queria querer...


Eu queria querer um pouco mais...
Mas não consigo querer como se quer nesse mundo...
Isso, muitas vezes, me leva a fases de um intenso e desconcertante não querer...
E vou andando por aí... desconectada do mundo que funciona à minha volta...
E passo, eu, a funcionar, por longos dias, como uma máquina programada...
...
Queria querer como todos andam por aí... querendo...
Mas... isso acontece como um grande esforço em mim...
Sacrifício ... pra me fazer com cara de mundo...
...
Finjo querer...
Finjo sonhar que quero...
Finjo que sonho..
...
Queria um ápice de alegria...
Uma explosão de medo...
Um incômodo exacerbado de raiva...
Queria uma over-dose de adrenalina por conseguir...
... coisas "normais" de se querer...
...
Anestesia...
...
Preciso me conciliar com os meus reais "quereres"...
E me acostumar com os olhares estupefactos ao meu redor...
Ou terei que "baixar o programa" desse mundo em mim.
...
Insônia...

Tibet

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Assistam...


"As Horas", baseado no livro de mesmo nome de Michael Cunningham. O autor, inspirado no romance "Mrs Dalloway" de Virgínia Woolf, traça um interessante paralelo entre três histórias, de três mulheres, vivendo em tempo e espaço bastante distintos, mas, que, incrivelmente, se entrelaçam de alguma forma: A história da própria Virgínia (Nicole Kidman), na fase em que escrevia, envolta em suas graves crises de depressão, o citado romance; a de Laura Brown (Julianne Moore), dez anos depois, vivendo infeliz e entediada como mãe de família em uma vida monótona na qual lia o romance escrito dez anos atrás por Virgínia; e, finalmente, a de Clarissa Vaughn (Meryl Streep), que seria uma "Mrs Dalloway" dos dias atuais, insatisfeita e inquieta em mais um conturbado dia de sua vida. Além de serem histórias interessantes por si só, uma das coisas, entre tantas outras, que torna o filme/livro de Cunningham muito interessante é a forma como as três histórias/mulheres se tocam formando um todo bastante rico que conduz, inevitavelmente, a uma profunda reflexão acerca das questões que habitam e inquietam a existência de muitos de nós. Além de tudo isso, é também uma excelente oportunidade de conhecer um pouco sobre Virgínia Woolf, essa tão complexa e introspectiva escritora britânica que viveu no início do século XX e que foi de encontro às tradições literárias vigentes na época tendo, por isso, sua obra considerada como modernista. Suicidou-se em 20 de março de 1941.
Então... é isso...
Assistam!

Ah! Uma curiosidade:

Clarice sobre Virgínia Woolf:

"Não gosto quando dizem que tenho afinidade com Virgínia Woolf (só a li, aliás, depois de escrever o meu primeiro livro): é que não quero perdoar o fato de ela se ter suicidado. O horrível dever é ir até o fim."

Pois é...
Uma sempre me remete à outra...


Tibet

Lendas?


Eu: (deitada na cama à toa... Um DVD de Adriana Calcanhoto tocando na TV...)
Ele: Mãe... por que os adultos fazem assim? Inventam um monte de coisa pra gente... E depois... quando a gente cresce um pouco... eles falam que era tudo mentira? Que era só uma lenda...
Eu: Tipo o que?
Ele: Tipo assim... Papai Noel... e outras "prosas" assim... Pra que isso?!
Eu: Nem sei... Vai ver que serviu pra alguma coisa enquanto se acreditou... Sei lá... Mas acho que é besteira mesmo...
Ele: E o que mais é lenda?
Eu: Mais nada eu acho... Não me lembro de mais nada além do Papai Noel agora...
Ele: E Dona "X"? Era uma lenda?
Eu: Oxe menino! (morreeeeendo de rir!). Claro que não!!! Ela existe mesmo!!! Tá doido?! (Dona "X" é uma moradora do segundo andar. Nós moramos no terceiro, em cima da casa dela. Quando ele fazia muito barulho em casa eu dizia que Dona "X", que tava lá embaixo da gente, era super-hiper-brava e que ela iria lá em casa, tocar a campanhia e reclamar do barulho que ele andava fazendo).
Ele: Tá vendo? Assim a gente nunca vai saber direito...
Eu: (me recuperando da risada...)
Ele: E Deus?!
Eu: O que tem Deus criatura?!
Ele: E se for assim... tipo... todo mundo fala pra gente acreditar que ele existe e depois... quando a gente virar adulto a gente vai e descobre que ele não existe?! Como é que faz pra gente ter certeza logo?
Eu: Aí... (cá pensando comigo: "Ai meu Deus! Eu falo o que agora?) Essa é uma investigação que cada pessoa tem um jeito muito pessoal e particular de fazer... Acho que, na verdade, é uma investigação que pode durar por toooda a vida da pessoa... E o pior... Cada um pode chegar a várias conclusões diferentes em cada fase da sua vida...
Ele: Ai meu Deus... E agora? ... Mas você acha o que mãe?
Eu: Ham? É... (eu, normalmente, não sei dizer o que acho sobre esse tema sem elaborar um verdadeiro e confuso tratado filosófico-religioso... é uma lástima! Faço tanta confusão que, muitas vezes, sou tomada como ateísta sem o ser. Sem contar que eu não gostaria, nem um pouco, de oferecer um caminho prontinho pra ele começar a trilhar sem iniciar sua própria investigação, digamos assim! Ia falar o que? Alguém me salva?)
...
O que eu acho? É...
...
Ele: (olhando pra Adriana Calcanhoto na TV) Essa cantora é tão triste né mãe? Você acha que ela tem aquela doença? (ela me salvou!)
Eu: Que doença menino?!
Ele: Aquela que os adultos têm... que ficam muito tristes e nem sabem direito porque... Acho que é... como é mesmo o nome? "opressão" parece....
Eu: Depressão criatura! (rindo pra me acabar...)
Ele: Ah é! Isso aí... Mãe, vou descer viu? Posso tomar banho de piscina?
Eu: Vá... Mas suba na hora certa.

Tibet

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Imensidão...


Às vezes fico sem ar...
com essa imensidão da vida...
Imensidão dessa minha vida...
Possibilidades inquietas vivendo dentro de mim...
Muitas vezes...
desperto num enorme desconforto...
de despertar a alma...
e ela não caber, de volta, confortavelmente...
dentro desse meu corpo...
Um desconforto atroz de ter que...
ainda que um pouco...
... encolher a minha alma...
até fazê-la se aquietar...
e se encaixar novamente...
pra seguir por mais um dia de "mundo pequeno"...

Que eu não me perca dessa minha alma...
Elástica... e flexível... e poderosa...
Pra que, por todas as noites ela se engrandeça enormemente...
se torne imensa...
e desperte assim... bem grande
E que eu possa sempre, ao acordar
me lembrar durante todo o dia
do quão grande... enorme... imensa...
ela pode ser...

Assim como é a vida...
Como há de ser a minha...
Ainda que nesse mundo assim...
... pequeno...

Tibet

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ciberespaço 2...


Lastimo muito ter que narrar isso aqui. Mas, por ser um tema que me afeta enormemente e eu, tendo sentido na pele a maldade alheia incorporada nesse ato, não consegui ficar sem expressar minha mais que extrema indignação quanto ao que me aconteceu. Há, exatamente, dois dias atrás, fui vítima de alguma infeliz criatura (alguém realmente "do bem" faria algo assim?) que, além de invadir a privacidade do meu e-mail, enviou, a partir dele, uma mensagem a uma terceira pessoa com o único e exclusivo objetivo de provocar intriga e desarmonia. Sem sucesso, é claro! Depois de perder um bom tempo raciocinando e percorrendo inúmeros trajetos virtuais, descobri a "porta aberta" que permitiu e originou tal ato. Então... depois de providências tomadas e tendo fechadas "as portas" comecei a refletir sobre o que levaria um indivíduo a despender preciosos minutos da sua tão preciosa vida pra sentar em frente ao computador... violentar o espaço alheio e forjar uma mensagem que, no julgamento dele, seria capaz de causar danos a outros?!E o pior! Sendo esse, exclusivamente, o seu intuito! Um ato movido, pura e simplesmente, pela maldade! Onde está a dignidade e o amor-próprio desse ser que não é capaz de enxergar a grandeza de sua própria vida?! Eu, realmente, não consigo entender a lógica de pessoas assim! E peço a Deus que eu continue não entendendo! Que eu nunca seja movida por motivos como esses! Que o sentido da minha vida esteja, para todo o sempre, muito além das "idéias" que moveram essa pessoa no momento em que parou a sua própria vida para tentar causar o mal. Torço, na verdade, é que esse meu "não entendimento" possa, um dia, tocar as mentes de criaturas que vêem lógica em atitudes como essa! E pior! Acham isso normal no "mundo virtual"! Quer saber? Índole e caráter não podem ser relativizados nunca! Seja em que mundo for! É simples: Uns têm. Outros não.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Assistam...


Esse filme é lindinho... Muito muito!
O menino é uma graça!
Só pela música-tema já valeria pra caramba parar pra assistir: "Something" - The Beatles
Na minha lista de "melhores coisas do mundo" essa música figura, com certeza.
É a minha preferida deles.
Então, é isso...
Procurem por aí...
E assistam tá?

Tibet