"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lendas?


Eu: (deitada na cama à toa... Um DVD de Adriana Calcanhoto tocando na TV...)
Ele: Mãe... por que os adultos fazem assim? Inventam um monte de coisa pra gente... E depois... quando a gente cresce um pouco... eles falam que era tudo mentira? Que era só uma lenda...
Eu: Tipo o que?
Ele: Tipo assim... Papai Noel... e outras "prosas" assim... Pra que isso?!
Eu: Nem sei... Vai ver que serviu pra alguma coisa enquanto se acreditou... Sei lá... Mas acho que é besteira mesmo...
Ele: E o que mais é lenda?
Eu: Mais nada eu acho... Não me lembro de mais nada além do Papai Noel agora...
Ele: E Dona "X"? Era uma lenda?
Eu: Oxe menino! (morreeeeendo de rir!). Claro que não!!! Ela existe mesmo!!! Tá doido?! (Dona "X" é uma moradora do segundo andar. Nós moramos no terceiro, em cima da casa dela. Quando ele fazia muito barulho em casa eu dizia que Dona "X", que tava lá embaixo da gente, era super-hiper-brava e que ela iria lá em casa, tocar a campanhia e reclamar do barulho que ele andava fazendo).
Ele: Tá vendo? Assim a gente nunca vai saber direito...
Eu: (me recuperando da risada...)
Ele: E Deus?!
Eu: O que tem Deus criatura?!
Ele: E se for assim... tipo... todo mundo fala pra gente acreditar que ele existe e depois... quando a gente virar adulto a gente vai e descobre que ele não existe?! Como é que faz pra gente ter certeza logo?
Eu: Aí... (cá pensando comigo: "Ai meu Deus! Eu falo o que agora?) Essa é uma investigação que cada pessoa tem um jeito muito pessoal e particular de fazer... Acho que, na verdade, é uma investigação que pode durar por toooda a vida da pessoa... E o pior... Cada um pode chegar a várias conclusões diferentes em cada fase da sua vida...
Ele: Ai meu Deus... E agora? ... Mas você acha o que mãe?
Eu: Ham? É... (eu, normalmente, não sei dizer o que acho sobre esse tema sem elaborar um verdadeiro e confuso tratado filosófico-religioso... é uma lástima! Faço tanta confusão que, muitas vezes, sou tomada como ateísta sem o ser. Sem contar que eu não gostaria, nem um pouco, de oferecer um caminho prontinho pra ele começar a trilhar sem iniciar sua própria investigação, digamos assim! Ia falar o que? Alguém me salva?)
...
O que eu acho? É...
...
Ele: (olhando pra Adriana Calcanhoto na TV) Essa cantora é tão triste né mãe? Você acha que ela tem aquela doença? (ela me salvou!)
Eu: Que doença menino?!
Ele: Aquela que os adultos têm... que ficam muito tristes e nem sabem direito porque... Acho que é... como é mesmo o nome? "opressão" parece....
Eu: Depressão criatura! (rindo pra me acabar...)
Ele: Ah é! Isso aí... Mãe, vou descer viu? Posso tomar banho de piscina?
Eu: Vá... Mas suba na hora certa.

Tibet

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