"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Assistam...


"As Horas", baseado no livro de mesmo nome de Michael Cunningham. O autor, inspirado no romance "Mrs Dalloway" de Virgínia Woolf, traça um interessante paralelo entre três histórias, de três mulheres, vivendo em tempo e espaço bastante distintos, mas, que, incrivelmente, se entrelaçam de alguma forma: A história da própria Virgínia (Nicole Kidman), na fase em que escrevia, envolta em suas graves crises de depressão, o citado romance; a de Laura Brown (Julianne Moore), dez anos depois, vivendo infeliz e entediada como mãe de família em uma vida monótona na qual lia o romance escrito dez anos atrás por Virgínia; e, finalmente, a de Clarissa Vaughn (Meryl Streep), que seria uma "Mrs Dalloway" dos dias atuais, insatisfeita e inquieta em mais um conturbado dia de sua vida. Além de serem histórias interessantes por si só, uma das coisas, entre tantas outras, que torna o filme/livro de Cunningham muito interessante é a forma como as três histórias/mulheres se tocam formando um todo bastante rico que conduz, inevitavelmente, a uma profunda reflexão acerca das questões que habitam e inquietam a existência de muitos de nós. Além de tudo isso, é também uma excelente oportunidade de conhecer um pouco sobre Virgínia Woolf, essa tão complexa e introspectiva escritora britânica que viveu no início do século XX e que foi de encontro às tradições literárias vigentes na época tendo, por isso, sua obra considerada como modernista. Suicidou-se em 20 de março de 1941.
Então... é isso...
Assistam!

Ah! Uma curiosidade:

Clarice sobre Virgínia Woolf:

"Não gosto quando dizem que tenho afinidade com Virgínia Woolf (só a li, aliás, depois de escrever o meu primeiro livro): é que não quero perdoar o fato de ela se ter suicidado. O horrível dever é ir até o fim."

Pois é...
Uma sempre me remete à outra...


Tibet

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