"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Confronto (necessário?)


Dêem uma olhada nessa matéria do Frei Betto.
E mais importante: Dêem uma olhada apurada nos comentários. (Cada mundo é uma cabeça...rs)

http://sergyovitro.blogspot.com/2011/05/os-gays-e-biblia-frei-betto.html

Bem... é só pra refletir um pouquinho...
Eu... na minha imperfeição de pessoa inacabada, não consigo entender essa ótica de se ter que procurar "aval" pra todos os aspectos da existência humana na Bíblia.
Mas... Há aqueles que o fazem. Respeito.
Isso só se torna inaceitável quando alguns utilizam dessa via para oficializar, disseminar e autorizar o preconceito, o desrespeito e a intolerância ao ser humano que é livre para viver o amor da forma que lhe convier e lhe trouxer felicidade.

Tibet

As "coisas"...


Queria sugerir esse vídeo:

www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

Então...
...tem me causado uma enorme desilusão a percepção angustiante de como nos deixamos, em uma construção maquiavélica da engrenagem capitalista, ser transformados em famigeradas máquinas de consumir. Entregamos a nossa vida à busca incessante de satisfação a inúmeros e insaciáveis "sonhos de consumo", que, como o próprio nome diz, nos consomem dia após dia. Consomem a nossa capacidade de ser "gente" e de enxergar "gente" no outro. Estamos, a qualquer tempo, maquinando uma forma de conseguir o mais recente e atualizado modelo disso ou o mais avançado e luxuoso modelo daquilo. Estamos sempre empenhados em deixar claro aos que nos rodeiam que somos mais do que capazes de nos manter "em dia" nessa assustadora onda moderna, tecnológica e atualizada de consumo que está aí alerta e pronta pra "devorar" a nossa alma sem que nós, sequer, percebamos. E assim... vamos nos tornando "zumbis" manipulados cujas identidades são construídas a partir do que temos e podemos ostentar. E que isso fique bem claro: De nada vale "possuírmos" se todos os outros "zumbis" não souberem que estamos "possuindo". Poder consumir a contento (ou seja, com a voracidade que o sistema exige) já se tornou a nossa verdadeira "busca espiritual". Alimentamos o nosso espírito com todas essas "coisas" que vamos "possuindo" e amontoando ao nosso redor. E vamos transferindo isso pra todos os outros departamentos da nossa vida. Consumimos alimentos desarvoradamente até nos tornarmos um bando de obesos... Consumimos pessoas uma após outra em relacionamentos voláteis e fugazes... E assim vamos... procurando matar essa fome insaciável de TER que tomou conta da nossa alma e nos desconectou completamente de todo o verdadeiro propósito de SER que deveria ser a chave da nossa busca por sentido.
Fomos, a passos largos, nos coisificando, nos adestrando, e quando menos esperamos estamos aqui, absorvidos por uma existência completamente desprovida de significado. Esquecemos o que é a VIDA e toda a grandeza que lhe advém e em nome da qual estamos aqui pra usufruir, crescer e nos tornarmos mais humanos a cada dia.
Coisas. Foi isso em que nos transformamos.
E o que vamos deixar pro mundo? Todo esse lixo que produzimos.
Que lástima!

Tibet

sábado, 7 de maio de 2011

Razão e fé...


"Tão importante quanto crer é duvidar. A dúvida a serviço da boa reflexão, da tentativa de superação do senso comum, da margem estreita e do discurso redutor.
...
Fé que não comporta possibilidade de dúvida?!
Religião que não passou pelo crivo da reflexão?!
...
Arrisco-me a dizer que essa insegurança é característica muito presente nos dias de hoje. Ela se manifesta em dois opostos: Nas pessoas que não suportam a dúvida e por isso se protegem demais com respostas prontas e acabadas, ou então, nas que duvidam sem critérios, que se escondem em ceticismos inférteis..."

Então...
Padre Fábio de novo...

Acontece que eu encontrei, dentro de uma religião, alguém que consegue a proeza do equilíbrio perfeito entre fé e razão...
Inteligência sensata e serena na fé...
Tenho, de verdade, me identificado...

Tibet

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Tolerância...


"Tenho visto e sentido na pele o poder destruidor de uma religião mal aplicada. Igrejas que se levantam entre si, desejosas de prevalecer como verdade absoluta, caminho único para a conquista de um 'céu futuro'. A verdade dogmática instrumentalizada como escudo, interpretada e utilizada como arma para destruir os que não a reconhecem.
...
O desprezo pela vida terrena é justificado pela promessa de delícias futuras, eternas...
...
Discursos que segregam porque são construídos a partir da convicção de 'povo eleito'. A eleição compreendida como direito de jogar fora o que pensa diferente, o que não reza na mesma escadaria, o que não comunga do mesmo cálice ou que não acende a mesma vela. A religião como instrumento de culpa, acusação, vigilãncia e punição, em vez de instrumento que ensina o caminho da tolerância e da liberdade.
Mas seria esse o verdadeiro papel da religião? Criar intolerância?
...
Não há um fator definitivo, superior e universal que possa preponderar sobre todas as diferenças?
...
Sonho com o dia em que o banquete seja para todos.
Mesmo que tenhamos pregações e doutrinas diferentes.
Mesmo que alguns não tenham doutrina
alguma."

Não resisti: Mais um trecho do Padre Fábio.
Que homem lindo!
Queria muitos desse pelo mundo...
Tibet

terça-feira, 3 de maio de 2011

Arte...



"Minha matéria-prima é o avesso da vida. As pessoas são interessantes assim. Não são um resultado final, mas a totalidade de um processo.
...
O processo artístico é sempre um gesto inacabado, porque nenhuma obra, por mais perfeita que seja, consegue aplacar o processo criativo do artista. A arte nasce das ausências, das dores que o mundo provoca na alma sensível. Os rascunhos são testemunhas dessas dores porque neles estão os caminhos que o artista precisou percorrer para chegar ao resultado da obra."

Mais um trecho do Pe. Fábio de Melo.
(Pois é... eu me encantei...)
Viver é arte!
Pura arte...

Tibet

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Questões...


...
"Escuto absurdos sobre Deus, quando pessoas movidas por boas intenções resolvem explicar as fatalidades do mundo. Frases simplórias e descomprometidas com a verdade não resolvem...
...
Justificam as tragédias humanas como "vontade divina", retirando assim a responsabilidade humana dos acontecimentos, frutos das escolhas que fazemos. Respondem a tudo e a todos como se o desvelamento do mistério pudesse resolver as questões.
...
Tenho medo quando o discurso religioso é utilizado de forma mágica a questões que são humanas... sangradas em lugares que nossos olhos não alcançam.
Por isso não tenho receio de afirmar que o específico das religiões não consiste em responder às perguntas, mas em nos ensinar a conviver com elas. Na tentativa de resolver os conflitos que nos afligem, correm o risco de atentar contra a sacralidade dos fatos."

Trecho do Pe. Fábio de Melo no livro "Cartas entre amigos: Sobre medos contemporâneos", no qual ele troca cartas com o amigo Gabriel Chalita.

Tenho gostado bastante das idéias que tenho ouvido/lido do Pe. Fábio. De certa forma acho isso bom. Eu... que sou tão desconfiada das "intenções" das religiões... me deparei com alguém, bem de dentro de uma delas, falando sobre espiritualidade e fé sem deixar de lado, em momento algum, o raciocínio lógico, o senso crítico, o bom senso e a inteligência. Reanaliso e "filosofo": Talvez a grande questão não esteja nas religiões em si, mas nas pessoas que as conduzem como se espíritualidade não pudesse dar as mãos à inteligência. O problema está naqueles que buscam o conforto mágico e inquestionável das respostas prontas para as dores e indagações naturalmente humanas...
Gosto desse padre...

Tibet