"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Questões...


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"Escuto absurdos sobre Deus, quando pessoas movidas por boas intenções resolvem explicar as fatalidades do mundo. Frases simplórias e descomprometidas com a verdade não resolvem...
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Justificam as tragédias humanas como "vontade divina", retirando assim a responsabilidade humana dos acontecimentos, frutos das escolhas que fazemos. Respondem a tudo e a todos como se o desvelamento do mistério pudesse resolver as questões.
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Tenho medo quando o discurso religioso é utilizado de forma mágica a questões que são humanas... sangradas em lugares que nossos olhos não alcançam.
Por isso não tenho receio de afirmar que o específico das religiões não consiste em responder às perguntas, mas em nos ensinar a conviver com elas. Na tentativa de resolver os conflitos que nos afligem, correm o risco de atentar contra a sacralidade dos fatos."

Trecho do Pe. Fábio de Melo no livro "Cartas entre amigos: Sobre medos contemporâneos", no qual ele troca cartas com o amigo Gabriel Chalita.

Tenho gostado bastante das idéias que tenho ouvido/lido do Pe. Fábio. De certa forma acho isso bom. Eu... que sou tão desconfiada das "intenções" das religiões... me deparei com alguém, bem de dentro de uma delas, falando sobre espiritualidade e fé sem deixar de lado, em momento algum, o raciocínio lógico, o senso crítico, o bom senso e a inteligência. Reanaliso e "filosofo": Talvez a grande questão não esteja nas religiões em si, mas nas pessoas que as conduzem como se espíritualidade não pudesse dar as mãos à inteligência. O problema está naqueles que buscam o conforto mágico e inquestionável das respostas prontas para as dores e indagações naturalmente humanas...
Gosto desse padre...

Tibet

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