"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

As "coisas"...


Queria sugerir esse vídeo:

www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

Então...
...tem me causado uma enorme desilusão a percepção angustiante de como nos deixamos, em uma construção maquiavélica da engrenagem capitalista, ser transformados em famigeradas máquinas de consumir. Entregamos a nossa vida à busca incessante de satisfação a inúmeros e insaciáveis "sonhos de consumo", que, como o próprio nome diz, nos consomem dia após dia. Consomem a nossa capacidade de ser "gente" e de enxergar "gente" no outro. Estamos, a qualquer tempo, maquinando uma forma de conseguir o mais recente e atualizado modelo disso ou o mais avançado e luxuoso modelo daquilo. Estamos sempre empenhados em deixar claro aos que nos rodeiam que somos mais do que capazes de nos manter "em dia" nessa assustadora onda moderna, tecnológica e atualizada de consumo que está aí alerta e pronta pra "devorar" a nossa alma sem que nós, sequer, percebamos. E assim... vamos nos tornando "zumbis" manipulados cujas identidades são construídas a partir do que temos e podemos ostentar. E que isso fique bem claro: De nada vale "possuírmos" se todos os outros "zumbis" não souberem que estamos "possuindo". Poder consumir a contento (ou seja, com a voracidade que o sistema exige) já se tornou a nossa verdadeira "busca espiritual". Alimentamos o nosso espírito com todas essas "coisas" que vamos "possuindo" e amontoando ao nosso redor. E vamos transferindo isso pra todos os outros departamentos da nossa vida. Consumimos alimentos desarvoradamente até nos tornarmos um bando de obesos... Consumimos pessoas uma após outra em relacionamentos voláteis e fugazes... E assim vamos... procurando matar essa fome insaciável de TER que tomou conta da nossa alma e nos desconectou completamente de todo o verdadeiro propósito de SER que deveria ser a chave da nossa busca por sentido.
Fomos, a passos largos, nos coisificando, nos adestrando, e quando menos esperamos estamos aqui, absorvidos por uma existência completamente desprovida de significado. Esquecemos o que é a VIDA e toda a grandeza que lhe advém e em nome da qual estamos aqui pra usufruir, crescer e nos tornarmos mais humanos a cada dia.
Coisas. Foi isso em que nos transformamos.
E o que vamos deixar pro mundo? Todo esse lixo que produzimos.
Que lástima!

Tibet

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