"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

domingo, 5 de junho de 2011

Lendo...


"Perto do Coração Selvagem" - Clarice Lispector (romance de estréia dela)

"Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação."
Clarice Lispector

É engraçado... mas, acho que eu tenho "medo" de Clarice!
Às vezes... passo alguns períodos de tão intensa "agonia introspectiva" que eu tenho uma sensação de me aproximar muito... a um nível arriscado até, de alguma linha imaginária que me limita da "insanidade". Se eu não ficar atenta... acabo me perdendo no lado subjetivo da vida! Isso, em algumas fases, chega a uma intensidade tal que, por precaução, eu "volto correndo" (rs) para a "concretude" da minha vida e entro de cabeça nas minhas "obrigações da vida prática". Eu hem?... Vai que eu vá ficando ficando e, um dia, não consiga mais "voltar" de lá... Morro de medo...
Então... E Clarice...
Quando a leio, ela me dá a impressão de um eterno viver sobre essa linha tão arriscada... Não sei como ela conseguiu suportar a sua própria intensidade! Começo a lê-la e ela, então, vai me arrastando de volta para a minha "zona de risco"...
Eu, pelo menos, posso fechar o livro e "voltar correndo" quando der medo...
E ela? Tava com ela dentro dela o tempo todo!

"... eu escrevo e assim me livro de mim e posso então descansar."
Clarice Lispector

"Não gosto quando dizem que tenho afinidade com Virgínia Woolf (só a li, aliás, depois de escrever o meu primeiro livro): é que não quero perdoar o fato de ela se ter suicidado.O horrível dever é ir até o fim".
Clarice Lispector

Virgínia Woolf coitada... era outra... (rs)

Apesar do "medo"...
Adoro as duas...

Tibet

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