"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

domingo, 11 de abril de 2010

Dor de dente...


Existem umas dores de dente que são bem chatas. Elas não chegam a ser insuportáveis por serem daquelas que, de início, o dente não dói de forma constante. Você até esquece que ele te incomoda. Então,em algum momento de descuido, basta que uma insignificante porção de alguma doce guloseima que você tenha pensado em saborear apenas toque naquele bendito dente e um pequeno inferno se abate sobre você durante alguns longos segundos. Mas você suporta ali na hora, fecha os olhos, chega a lacrimejar de dor, mas passa e você esquece. Esquece até o próximo doce. E você vai fingindo que aquele dente não existe e entra em negação quanto à possibilidade de ir se sentar naquela aversiva cadeira e encarar, de vez, aquela criatura que está ali, dentro da sua boca, ameaçando tirar a sua serenidade quando você menos espera. E, então, chega uma hora que você passa a comer doce só de um lado da boca. Não é tão bom como com a boca inteira, mas, você abre mão desse luxo e vai seguindo. Os dias vão passando... e os doces acabam não tendo mais o mesmo sabor... Até que chega uma época em que, apenas o simples fato de olhar pra um brigadeiro, lhe faz sentir um arrepio percorrendo a sua a espinha e subindo em direção a nuca. E percebe que o incômodo não é só mais um incômodo. Ele já tem o poder de te afastar completamente de qualquer "doce" que venha a se aproximar da sua vida. Então, um belo dia, você acorda e, sem saber de onde nasceu toda aquela coragem, vai em direção à "famigerada cadeira", abrir a sua boca e esperar que uma "broca ensandecida" escave o maldito dente, foco de todo aquele sofrimento chato que lhe pegava de assalto nas horas mais inesperadas. E se entrega, com toda a sua força e racionalidade àquela situação de se submeter a minutos infinitos de intensa e profunda dor em troca da sua libertação. Não será mais "refém do dente". E a broca vai... escavando sem pudor aqueles pontos tão delicados. Existe um ponto bastante crítico, você sabe. É aquele ponto que, ao ser apenas triscado por aquela ferramenta de terror você tem vontade de sair do corpo. E é aí que você aguenta com vontade e pensa: "É agora dor desgraçada... que eu me livro de você pra sempre!". E aquela coisa vai, destroçando com tudo, acabando com você... até chegar lá no fundo... na raiz daquela p... A essa hora você nem sabe mais quem é... Até que, de repente, quando você menos espera... vem aquele silêncio... sente o friozinho daquela água lavando o que há umas horas atrás era sua grande ferida e que agora está sendo fechada, lacrada, polida...
E você agora... tem, pela frente, o "doce" de uma vida inteira te esperando.
Liberto da dor só lhe resta se deliciar.
Às vezes, na vida, nada se compara a um momento de coragem.
A coragem salva vidas!!! Rs.
Ah! Eu me esqueci de dizer que, além de retiscências...
Adoro metáforas!!! Rs.

Tibet

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