Costumo analisar, de vez em quando, como algumas datas, na minha linha do tempo, significaram mudanças significativas na minha percepção de vida e na minha "sensação de ser eu"...
Eu me lembro claramente de, ao completar 8 anos de idade, ter adquirido uma espécie de visão super realista da vida... como se o "véu da fantasia" tivesse se despencado de mim e liberado os meus olhos pra enxergar o mundo em uma versão mais nua... mais crua... Engraçado que ali, naquele meu tempo, eu sabia e tinha certeza, cá comigo, de que aquilo seria irreversível... de que aquele seria o meu protótipo de adulta. E foi.
Mais tarde, ao completar 20 anos, entrei em uma espécie de fase "mal do século". Uma enorme e densa crise de existência se abateu sobre mim. Fui acometida por uma grande sensação de "fatalidade da vida". Uma enorme descrença quanto à concretude de tudo o que me rodeava. Uma sensação angustiante de "inutilidade" quanto a projetar um futuro à minha frente. A existência era volátil e fatal. Esperar o que? Planejar pra que? Quase me tornei, apenas, uma "alma" fadada a "arrastar" um corpo pela vida afora. Mas segui. Segui lutando sempre contra essa sensação para que, um dia, pudesse me livrar completamente dela. Não me lembro de como foi, mas, sei que, a despeito de ter que carregar isso comigo, consegui ir conduzindo a minha vida sem abrir mão dela. Acho que acabei sendo "mais forte" do que essa "descrença".
Agora estou aqui... "apreciando" o decorrer de 40 anos dessa minha "existência". E, depois de todos esses consecutivos e controversos caminhos, sinto que sou, depois de tudo, uma "criatura calejada" (rs) por todas essas "desconstruções/construções" que me marcaram por todo esse tempo. Acho que fiz todos os meus "deveres de casa", aprendi com cada chatice, com cada decepção, com cada dor inoportuna (ou oportuna). Sinto que aprendi muito com cada tropeço e hoje eu me sinto incrivelmente mais forte. Costumo voltar e reanalisar cada passo mal dado, cada atitude de resposta que tive e assim tenho me compreendido... me perdoado... e me "endireitado"! (rs) Sei que hoje tenho bem mais capacidade de me proteger e bem menos capacidade de me fragilizar. No começo, eu não me sentia nada à vontade com essa "insensibilidade imunológica" que eu percebia nascendo em mim. Tive, muitas vezes, a impressão de estar me fazendo uma pessoa fria e "cega" com relação à Vida. Depois... entendi claramente. Eu estava "crescendo". Estava me tornando um pouco mais "gente" pra mim mesma. Hoje percebo e sinto que isso tudo me deu mais liberdade pra "circular" pela vida e me livrou de vários "medos desnecessários" que me imobilizavam e me diminuíam.
Hoje, aos 40 anos, eu me sinto plena... livre...
... e fluindo serenamente pela Vida!
Essa sensação é muito boa!
Tibet
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