"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

domingo, 22 de novembro de 2009

A nudez de Simone...



Um fotógrafo chamado Art Shay, levou Beauvoir à casa de um amigo que tinha uma banheira. Ele escreve: "Ela havia tomado o seu banho. Depois, enquanto ela se arrumava na pia, tive um súbito impulso. Ela sabia que eu a havia fotografado, porque ouviu o clique da minha confiável Leica Model F. 'Homem travesso', disse ela"

História e foto extraídas do site http://www.simonebeauvoir.kit.net/apresenta.htm

domingo, 15 de novembro de 2009

Aspiração de leitura...


Eu quero, preciso, estou enlouquecida pra ler esse livro!

"Tête-à-Tête - Simone de Beauvoir and Jean-Paul Sartre | Hazel Rowley | 2005 | Objetiva
Simone de Beauvoir e Sartre, o lendário casal de escritores-filósofos, mantinham uma relação sabidamente aberta, o que sempre gerou inúmeras controvérsias. Através de entrevistas originais e acesso a material inédito, a biógrafa Hazel Rowley oferece um atual retrato do intenso e turbulento relacionamento dessas duas grandes personalidades.
"

Vou providenciar (comprar, pegar emprestado, "guentar" de alguém...) me deliciar com a leitura... e volto aqui pra contar OK?
Por enquanto estou lendo "Quando o espiritual domina" de Simone de Beauvoir. Depois conto também.

Tibet

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Feliz Natal"


Primeiro longa dirigido por Selton Mello.
Conta a história de Caio (Leonardo Medeiros), um carinha que é dono de um ferro-velho e que decide, depois de alguns anos, ir ao jantar de Natal de sua família na casa do irmão (o "bem sucedido"). A cada encontro são desencadeados sentimentos, sensações e lembranças que o remetem a fatos passados que o marcaram e o fizeram ser que é. Na verdade... é uma história que pode ser de muitas famílias... É um encontro de Natal que representa com muita fidelidade os muitos encontros de Natal que acontecem nessa fatídica noite (rs) de 24->25/12 por aí afora...
Vale muito a pena conferir...

Tibet

sábado, 24 de outubro de 2009

A insustentável leveza do ser...


... de Milan Kundera...
A história se passa nos anos 60 em Praga, Tchecoslováquia. Tomas, personagem principal da narrativa, é um médico que se dedica a cultivar inúmeras parceiras sexuais, sempre alerta, entretanto pra que não se tornem vínculos afetivos. A despeito desse seu propósito, duas delas, Sabina, uma artista plástica, e Tereza, uma garçonete-fotógrafa, passam a estar mais presentes na vida dele do que ele próprio havia planejado. A primeira, uma sensual personificação da liberdade e a segunda, se colocando ao seu lado como uma âncora a lhe lembrar sempre vínculo e compromisso.
Para Tomas, a leveza é o fruto principal e mais valioso de uma vida livre e descompromissada. A partir do relacionamento estabelecido com Teresa, Tomas experimenta o peso opressivo do comprometimento. Por outro lado, acaba por descobrir que a leveza despe completamente a sua vida de sentido tornando-a insustentável. E que a peso do comprometimento acaba se tornando um ponto que fixa sua vida a algum sentido.
Essa relação triangular é duramente afetada na ocasião da “Primavera de Praga” quando tanques soviéticos invadiram a capital tcheca para pôr fim a uma série de protestos. E suas vidas mudaram de forma uma definitiva...

Vale muito a pena ler! Eu adorei e me identifiquei imensamente com as questões existenciais levantadas. Leiam também!

Tibet

domingo, 13 de setembro de 2009

O fio da navalha...



... de W. Somerset Maugham. Estou lendo agora. Leitura muito envolente. Conta a história de Larry Darrel, um jovem norte-americano que foi piloto na Primeira Guerra. Depois de ver seu melhor amigo morrer nos campos de batalha ele retorna aos Estados Unidos completamente transformado e, em pouco tempo, decide deixar a vida burguesa de Chicago e "cair no mundo". Ele passa uma longa temporada de aprendizado existencial em Paris, onde perambula pelos cafés e cabarés "filosofando" com bêbados, artistas e prostitutas... Dá uma certa inveja dele... rsrsrs... Leiam. Vale muito a pena...




Tibet

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A casa...


Existe uma casa. Antiga. Daquelas casas como as que a gente vê pela estrada... uma porta no meio e duas ou três janelas quadradinhas de cada lado. Essa é grande. Sei que é antiga. E fechada. Toda fechada. Portas e janelas. Sempre tenho a impressão que está assim... fechada... há muito tempo. Ela está em um espaço totalmente silencioso e deserto. Não existe ninguém em lugar nenhum. O silêncio é quase insuportável. As árvores ao redor não são balançadas pelo vento. Acho que não existe vento. Parece uma fotografia. Tudo estático. Ela não fica ao nível do chão. Está em cima de um patamar de pedra, eu acho. É preciso subir uns degraus de pedra pra alcançar a porta.
Quando eu chego até a porta, tenho nas mãos um enorme aro de metal com muitas chaves... daquelas chaves antigas que eram usadas para abrir casas também antigas... Muitas chaves! Inúmeras! Segurar o aro exige até um certo esforço devido ao peso causado pelas chaves. É muito inquietante chegar ali, em frente àquela porta com todas aquelas chaves. E eu preciso abrir. Eu sei que cheguei até ali por estar fungindo de algo ou alguém que me persegue incansavelmente. Nunca o vi. Não imagino o que ou quem seja. Mas sei que sou perseguida. E sei que não quero ser alcançada. Preciso me proteger dessa perseguição. Isso é claro pra mim. Vou ter que entrar na casa. Isso também não me é confortável, mas... sei que prefiro. É tudo muito tenso... Todas aquelas chaves... tenho que testar cada uma delas até conseguir abrir a casa. E vou tentando de uma forma muito rápida e nervosa. Se eu não conseguir abrir logo vou ser alcançada. Ao mesmo tempo... a cada chave que testo... sou acometida por uma enorme tensão ao pensar que a casa pode, a qualquer momento, ser aberta. Mas é o que escolho. Prefiro entrar. Não sei o que tem lá dentro. É uma casa muito antiga... fechada há muito tempo... não sei quem viveu lá um dia... que vidas aconteceram lá...se vou encontrar fantasmas dessas vidas que habitaram lá... É muito aterrorizante! Mas... estando lá... sempre tenho a plena convicção de que é melhor conseguir a chave e abrir a casa do que me deixar ser alcançada pelo que me persegue.
Sempre acordo antes de conseguir abrir e antes de ser alcançada...
E sonho novamente um dia... e depois esqueço... E depois de alguns anos sonho de novo... A mesma perseguição... a mesma casa...
Tibet

domingo, 2 de agosto de 2009

"Sequestro da Subjetividade"

"Pequenas permissões podem ser o início de grandes invasões. Grandes tragédias começam com pequenos descuidos. Desastres terríveis podem ter seu início em displicências miúdas. O "agressor" não repreendido cresce e se fortifica porque a "vítima" o nutre. O inimigo só sobrevive à medida em que se injeta sangue em suas veias."
Esse é um trecho de um texto do Padre Fábio de Melo sobre algo que ele chama de "Sequestro da Subjetividade". Achei muito interessante isso que ele disse e resolvi colocar aqui com dois objetivos.
Primeiro objetivo: Filosofar sobre a subjetividade a que temos direito. Muitas vezes ficamos desatentos em nossas relações com o mundo e acabamos por "desleixar" da nossa subjetividade e das coisas que nos são importantes e fazem sermos quem somos. Se esse descuido acontece e subjetividades alheias se agregam a nós no intuito de nos violentar de uma forma velada e não nos impulsionar ao crescimento, acredito que nós mesmos, mais do que ninguém, devemos ser responsabilizados por tal descuido. Então... observai e vigiai... rsrsrs... e se vc achar que orar resolve também essa questão... então... orai ... rsrsrs...
Segundo objetivo: Mais uma vez levantar uma bandeirinha pelo respeito à diversidade filosófico/religiosa. Eu escrevi algo (lá embaixo) sobre a minha opinião de que se deve respeitar qualquer linha de raciocínio/filosofia de vida no que tange ao campo da espiritualidade, inclusive opiniões que vão de encontro às próprias religiões como ateus e agnósticos. Com as devidas precauções contra aqueles "catequizadores violentos" de plantão, devemos respeitar e não estereotipar/excluir opiniões de pessoas que não compartilham da nossa crença/descrença para não se correr o risco de nos tornarmos fundamentalistas isolados em bolhas ideológicas. Fosse eu (agnóstica de plantão) pensar assim e não teria lido esse texto/trecho do padre. Li o texto... e gostei disso aí que ele falou... Achei interessante...
E é isso!
Tibet