Passamos
a nossa vida nos debatendo com as diversas formas de amor que cruzam o nosso
caminho e os nossos infinitos anseios de senti-lo... Senti-lo na alma e, muito mais que isso, em
algumas de sua formas, sentir a sua concretização na pele. É como se
precisássemos torná-lo palpável, manipulá-lo para que não nos reste dúvida
alguma de que, de fato, o possuímos.
E
vamos seguindo assim durante a vida, imersos em inquietações, movidos por
algumas faltas doloridas, administrando uma ou outra lacuna de afeto... e assim
acabamos nos tornando presas relativamente fáceis de alguns pseudo-amores que
nos surpreendem em momentos de vulnerabilidade ou até de verdadeiros amores
equivocados que acabam por confundir a idéia original de amor verdadeiro, amor
puro na sua origem... Amor livre.
Vivenciamos
histórias, das mais diversas naturezas, nas quais barganhamos “cuidados” e
“proteção” por coisas que nos são sagradas e assim vamos nos violentando dia
após dia, pagando um preço muito alto e, o que é pior, supervalorizando
equivocadamente os “cuidados” que vínhamos recebemos em troca. O raciocínio é
lógico! “Se pago tão caro (com a alma), é porque isso me é muito valioso!”.
Muitas
vezes tornamos assim, também, as nossas histórias de amor. Confundimos cuidado
com cerceamento de liberdade, afeto com controle, amor com perda de individualidade.
E vamos sendo condicionados a ter essas duas coisas, tão contrárias, andando
sempre juntas. Vamos aprendendo a sentir
aquela sensação gostosa que vem do amor, sempre acompanhada com um nó no
estômago. Um nó que vem da certeza de que, a cada dia que passamos ali, nos
perdemos mais um pouco de nós mesmos. O
mais contraditório, entretanto, é que nos tornamos dependentes desse ciclo equivocado
que nos confunde a ponto de nos sentirmos desamparados ao nos desvencilharmos. Um
ciclo que nos confunde a ponto de sentirmos “saudades” de quando estávamos ”presos”, guardadinhos ali dentro, pagando (em alguns casos, bem caro) por toda
aquela redoma de “cuidados e controle”.
Quando nos percebemos, já estamos reféns de situações assim. Situações que
confundem as nossas certezas e intuições acerca do que é o amor. Situações que
nos fazem “aceitar por menos” sempre. Situações que nos fazem exigir menos...
Que nos fazem compreender, apenas, quando estamos “pagando” com a vida que
corre em nossas veias...
Definitivamente:
Isso não é Amor! Talvez seja sim a “nossa idéia de amor”, o “amor” a que
estamos acostumados até então, mas, o Amor... o autêntico, aquele que é leve,
que faz feliz, que nos faz sentir a Vida misturada no sangue que nos mantém
vivos... Esse é muito diferente!
Amor
é enxergar no outro... um outro! É entender e respeitar isso com toda a
percepção da sua alma. É enxergar e entender que o outro é um ser com vários
defeitos diferentes dos seus e com muitas necessidades diferentes das suas. É
perceber alguém com coisas a oferecer diferentes do que, muitas vezes, você
gostaria de receber...e mesmo assim,
aprender a receber. É enxergar um mundo de diferenças que existe entre
os dois e, ainda assim, sentir vontade de brindar as afinidades, de sentir
prazer com o que os une, com o que os vincula. É sentir vontade de ver o outro
inteiro... completo. É sentir felicidade ao enxergar felicidade no outro.
O
Amor, esse com A maiúsculo, é o eterno exercício de alinhamento da liberdade
plena com o respeito mútuo... constante... É nunca desistir de nos exercitarmos
nesse sentido... É contar até 10 antes de cometer uma grande invasão à
individualidade do outro... É nunca deixar de enxergar que esse ser, mesmo
compartilhando coisas importantes e essenciais com você, não deixa de ser único
na sua essência e com um rico mundo individual a ser respeitado.
Fácil?
De forma alguma! Por isso... um grande exercício.
Mas...
o melhor de tudo: Vale incrivelmente à pena!
Muda
vidas!
Tibet